Friday, May 12, 2006

A Crise!

Li agora uma cena que escrevi, depois de uma desilusão amorosa... É bom ver que tudo passa, mas para quem se identificar, aqui vai!
"Vou tentando...arrumar os trapos sem ter as gavetas, chorar o que não perdi. Vou rindo, dançando, cantando em voz muda o que não compreendo. Os dias passam, parecem uma sessão de slides. Vivo-os com se não estivesse cá.
A verdade é que nada ficou como devia. É difícil aceitar sem compreender.
Posso considerar que estou bem. Mas que parte? Que porção de mim é que se ri? A superficial, o "piloto automático" que vou utilizando como escudo.
Esgoto energias em tudo o que me aparece. Rio do caos que não consigo apagar cá dentro. O sarcasmo deste circo de emoções, apesar de o palhaço, como todos os palhaços, chorar lá atrás.
E não há nada a fazer. Não quero mesmo fazer nada. A história não merece a pena. Não deixa de ser inevitável. Isso é o que eu SEI. O que eu sinto... não é para aqui chamado. Nem percebo o que sinto, não há uma palavra que baste, que descreva.
Posso tentar uma imagem, não sei...pode ser um pequeno barco no mar alto. O dia perfeito, a brisa ideal, a vela rasgada em centenas de trapos. O barco flutua, mas sem direcção. Foi o melhor que consegui por agora. Porque tudo isto me consome também a imaginação.
Porque este mal estar interior, este descontentamento com a vida, com o destino...
O forçar-me a acreditar que isto vai melhorar, como quem está na sala de espera do dentista! Estou na sala de espera, e ninguém me diz o que vem a seguir. A vida não devia ser assim, às vezes. E acredito, no fundo, que isto passa. O que não acredito é que haja uma boa razão para estar a passar por isto. Por isso é que a vida não anda de mãos dadas com a justiça, nem o coração.
Aliás, o coração é um artista! Dá tudo, consome tudo, engana e trai o que pensamos. O meu nunca foi grande espingarda. Sempre muito exigente, para fazer as escolhas erradas. Ninguém escolhe o coração que tem. Acho que é como a cor dos olhos. Da mesma forma que aceitamos o nosso nome, devíamos aceitar as emoções.
Não sei o que dói mais: se é os sentimentos estarem contra nós, ou ter que abafar esses mesmos sentimentos. Não é abafar um pouco de nós também? Os calos da vida...
O tempo...ah, claro, o Tempo! O penso que cura todas as feridas! Esse carrasco amigo. A única coisa a que nos podemos agarrar. Também gostava de ter poderes para o manipular. Dar saltos no tempo! Mas a vida não é assim. As saudades primeiro aumentam com o tempo, depois desaparecem. Como uma parábola. Toda a vida deve ser cheia de parábolas. Mas as partes negativas deviam ser mais curtas.
Vamos pôr o coração, o tempo, a saudade e a razão a passearem no meu barco esfarrapado... Qual deles o consegue arranjar?"
P.S.- Quem é o preto da fita? ;-), e sim...em ultima instância, o blog é um acto narcisista!

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